Novidades tecnológicas pretendem agregar precisão, transparência e credibilidade ao algodão produzido na Bahia

20 de maio de 2021 | ,

A pouco menos de um mês para o início da colheita da safra 2020/2021 de algodão na Bahia, as máquinas do tipo HVI (High Volume Instrument) já estão prontas para processar as cerca de três milhões de amostras da pluma, entre a segunda quinzena de junho próximo, até o final de janeiro de 2022. No Centro de Análise de Fibra da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), as colheitadeiras aguardam apenas que lhe deem a partida para começar o trabalho.

De acordo com a ABAPA, o número é praticamente o mesmo alcançado no ciclo 2019/2020, apesar da redução de cerca de 15% na área plantada no Estado. Isso acontece porque, este ano, o laboratório baiano vai classificar também o algodão do Maranhão – em torno de 200 mil amostras –, passando a analisar toda a pluma do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

A qualidade esperada para o produto da Bahia é a das melhores, apesar de a confirmação acontecer apenas após a passagem do algodão pelo HVI. “Creio que teremos um algodão ainda melhor que o das últimas safras, consideradas excelentes. Este foi um ano-safra de chuvas regulares, com pouca precipitação no final do ciclo, o que trouxe um ganho na formação dos chamados ‘ponteiros’, com a umidade ajudando na boa formação da fibra. Agora, entramos no período de seca, que é desejável para garantir a cor e o brilho tão característicos do algodão que colhemos em nosso Estado”, disse o presidente da ABAPA, Luiz Carlos Bergamaschi.

O gestor da ABAPA explica que o laboratório de classificação da entidade, que fica no município de Luís Eduardo Magalhães, no Extremo-Oeste baiano, é equipado com 12 máquinas do tipo HVI, todas da marca USTER 1000, sendo que duas delas são equipamentos novos, instalados nesta safra. A USTER é considerada o estado-da-arte em tecnologia de classificação de pluma.

Deste total de instrumentos, nove possuem colorímetro duplo. A incorporação desta tecnologia é a novidade deste ano, conforme a ABAPA. Trata-se de uma placa especial que mede o grau de reflexão (Rd) e o índice de amarelamento (+b), ou seja, o gradiente de cor (color grade) do algodão. “O colorímetro duplo representa um grande ganho em precisão na análise, e está alinhado aos anseios do mercado de algodão, que quer, além da qualidade da pluma, a qualidade da classificação, o que passa pela confiabilidade”, afirma o gerente do Centro de Análise de Fibra (CBRA) da ABAPA, Sergio Brentano, ressaltando que o CBRA/ABAPA está sempre entre os mais bem ranqueados no Brasil, com taxa de confiabilidade em torno de 99%, pelos seus programas”.

Brentano lembra que o colorímetro duplo requer que o produtor e as algodoeiras sejam ainda mais atentos ao cumprimento do tamanho da amostra, definido pela Instrução Normativa 24 (IN24), publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No Brasil, a IN24 definiu que as amostras têm de ter 150 gramas. Esse é o mínimo necessário para a classificação por HVI. O padrão internacional é de oito onças, aproximadamente, 230 gramas.

Outras novidades – A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA) promoveu uma mudança estratégica nos sistemas dos programas de Qualidade, o Standard Brasil HVI (SBRHVI) e de Sustentabilidade, o Algodão Brasileiro Responsável (ABR). A partir de agora, quem opta por se certificar pelo programa ABR, necessariamente, passa a integrar o SBRHVI. Para entregar ao mercado a certeza da sustentabilidade, o produtor terá de atrelar à certificação os dados de classificação instrumental do seu produto.

“O cliente final, em todo o globo, quer rastreabilidade e sustentabilidade, o que não pode existir sem transparência. O Brasil hoje é o segundo maior exportador de algodão do mundo, e, por conta disso, está na mira do mercado. Temos de ser ainda mais precisos e claros nas nossas entregas, se quisermos a confiança dos compradores, e, consequentemente, o fortalecimento do basis do algodão brasileiro, que representa dinheiro no bolso do produtor”, afirma o gestor de Qualidade da ABRAPA, Edson Mizoguchi.

Ainda segundo Mizoguchi, nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil no suprimento global de pluma, a cessão dos dados de HVI são uma exigência do governo, enquanto no Brasil, isto é uma opção do produtor. “Com o atrelamento do SBRHVI ao ABR, o Brasil dará um grande salto em transparência”, afirma. Na Bahia, a ABAPA prevê a certificação de 84% das fazendas de algodão com o programa ABR na safra em curso.

https://atarde.uol.com.br/portalmunicipios/extremooeste/noticias/2169041-novidades-tecnologicas-pretendem-agregar-precisao-transparencia-e-credibilidade-ao-algodao-produzido-na-bahia

Comentários Facebook

Voltar